OLAVO BILAC (Brasil,
1865-1918)
Crepúsculo na mata
Na tarde tropical, arfa e
pesa a atmosfera.
A vida, na floresta
abafada e sonora,
Úmida exalação de
aromas evapora,
E no sangre, na seiva e no
húmus acelera.
Tudo, entre sombras, -o ar
e o chão, a fauna e a flora,
A erva e o pássaro, a
pedra e o tronco, os ninhos e a hera,
A água e o réptil, a
folha e o insecto, a flor e a fera,
-Tudo vozeia e estala em
estos de pletora.
O amor apresta o gozo e o
sacrifício na ara:
Guinchos, berros, zenir,
silvar, ululos de ira,
Ruflos, chilros, frufrus,
balidos de ternura...
Súbito, a excitação
declina, a febre pára:
E misteriosamente, em
gemido que expira,
Um surdo beijo mormo
alquebra a mata escura...
-----
No hay comentarios:
Publicar un comentario